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SALVE SALVE BORBOLETA TICA

As borboletas sempre estiveram presentes em minha vida e também, aulas de geografia, afinal lindas e coloridas tornam ainda mais belas.as paisagens, lugares e superfície da terra, quando voam baixo e bem alto, pelas matas, selva, bosques e cachoeiras...


Um inseto intrigante à curiosidade de um menino. De um minúsculo ovo de borboleta, nasce uma faminta lagarta. Cresce e produz o próprio casulo, algo diferente. Aconchego, metamorfose, renascimento. do corpo e da mente. Quem rompe o casulo já não mais rasteja, está programada para voar. Vida curta, porém intensa, saborosa. Com seu voo suave percorre longas distâncias e por onde passa e pousa, através das patas, degusta o néctar de toda flor presente, assim são as borboletas, pequenas e grandes, que em média vivem de 2 a 4 semanas, sendo que algumas vivem apenas um ou poucos dias..


Já nas aulas de geografia, ela também está presente quando tratamos de compreender o largo tempo geológico da Terra quando comparado ao curto tempo de vida de seus habitantes, nós seres vivos. Para tanto compartilho essa pequena estória, que aprendi com o melhor professor de geografia e da vida, que um geógrafo e filho poderia ter, eu tive, meu pai e eterno mestre, gratidão sempre.


Era uma vez uma lagarta, que virou casulo, e depois borboleta, e... logo nas primeiras horas de vida, após romper a escuridão do casulo, voando tranquilamente à luz do sol para conhecer seu novo ambiente, sofreu o ataque de um ligeiro Sabiá que, apesar de saber assobiar, ao ver a borboleta voar, quieto se camuflou, o bote armou e tratou de atacar com a clara intenção de se alimentar...



Num reflexo instintivo, a jovem borboleta conseguiu esquivar, mas parte de sua asa, o sabido Sabiá não deixou de degustar...salvou a vida, mas com a asa machucada não conseguiria mais voar..


Resiliente por natureza, para se resguardar de outros possíveis predadores silvestres e ao mesmo tempo garantir sua alimentação e proteção, buscou refúgio nas folhas de uma árvore de Tule, onde saltando de galho em galho somente nas redondezas, ficaria até o fim de sua vida. Os tules, assim como as sequoias, oliveiras, jequitibás ou baobás são árvores milenares que, se não derrubadas, vivem p


or vários séculos em seus ecossistemas naturais. Ao contrário das lagartas e borboletas, que como dito, vivem em média 15 dias. E, nessa breve estadia pousada sobre o Tule, a borboleta não viu, sentiu ou percebeu quaisquer transformações de sua morada, seja na dinâmica de crescimento, floração, frutificação ou mesmo, a queda e variações na coloração da folhagem ao longo das estações climáticas. Isto pois, não viveu tempo o suficiente para acompanhar e presenciar tais transformações, enquanto esteve ali, tudo esteve do mesmo jeito.



O mesmo acontece com nós, seres humanos e qualquer outro ser vivo - salvo raras exceções cujas origens


datam de milênios como os tules, jequitibás ou oliveiras - em relação à nossa morada, o planeta Terra, o qual podemos conhecer a sua face presente, embora ignoramos mas buscamos resgatar sua face histórica, sempre através de hipóteses e vestígios. Nessa direção, conseguimos descobrir, compreender, perceber e até presenciar muitos fenômenos geológicos apesar de nosso curto tempo de vida, aproximadamente 100 anos, como são as erupções vulcânicas, os abalos sísmicos ou tsunamis, que revelam todos, as forças telúricas, e sobretudo uma dinâmica interna e externa da Terra. Entretanto, nem todos os lugares e povos do planeta convivem, logo conhecem essa realidade de instabilidade tectônica, por exemplo nosotros brasileños. Entre os quais, podemos dizer que muitos nascemos e morremos, isto é, passamos toda nossa estadia aqui na Terra, crendo que estamos sobre algo estático, definido, estabelecido, tal qual a sensação vivenciada pela borboleta para com a árvore do Tule, e diferente para seu contemporâneo, o sabido Sabiá,


Sendo a idade de nosso planeta especulada em aproximadamente 4,6 bilhões de anos, e as borboletas aproximadamente 15 dias, sempre que avisto uma borboleta, admiro a cadência de seu voo, a beleza única de suas cores e desenhos, de asas abertas e fechadas, inspiro, expiro, respiro, e digo, salve salve borboleta.






"Yo creo que fuimos nacidos hijos de los días, porque cada día tiene una historia 

nosotros somos las historias que vivimos...

Eduardo Galeano

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