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TACUAREMBó - Uruguay

Tacuarembó, uma cidade apaixonante !!!

Além de bem sinalizada, é limpa, arborizada e cheia de placas que conscientizam a população para o cuidado com o bem de todos. Pessoas de riso fácil, sorriso no rosto e simpatia no olhar, são fáceis de se encontrar. Gostam de gente do Brasil e sempre nos desejam sorte!

Soubemos que ali a agricultura não desempenha significativa relevância no que diz respeito a produção de alimentos para a região. Ao contrário, a pecuária é muito forte por aqui, na zona rural, com destaque para a cultura de ovinos. Na cidade há vários mercadinhos de garagem, que comercializam desde produtos de limpeza à alimentos frescos, pães, frutas, legumes e verduras.

O Uruguai é um país pequeno em extensão territorial, portanto suas ROTAS são bem utilizadas e propiciam um fácil escoamento e distribuição de alimentos das zonas de produção às de consumo. Já sabemos que na região de Canelones e Rosário, no entorno de Montevideo há produção significativa de alimentos, assim com em Salto e Paysandu.

Acampamos no Parque Municipal Laguna de las Lavandeiras, junto a uns brasileiros muito especiais, a família Molina, que nos recebeu e nos acolheu como se fizéssemos parte daquela consangüinidade.

Eles estavam ali por uma ocasião do destino! Preparados para irem até Montevidéu, a caminhonete em que estavam quebrou e, orientados pelo mecânico da cidade, o parque era o local ideal para passarem os dias.

Nós tínhamos acabado de chegar na cidade e, caminhando em busca de uma hospedagem, encontramos o Molina, a quem perguntamos se sabia de algum lugar para ficar. Ele nos convidou para irmos até o parque, onde estava acampado com seus pais, esposa e filho. (...)

Acampar ali naquele lugar foi especial, além de ser bonito, tem história no ar. É também onde acontece todo ano a “Festa da Pátria Gaucha”, ainda havia vestígios da festa que aconteceu exatamente na semana anterior à nossa chegada. Taquaras pelo chão eram indícios dos cercados que certamente compunham o cenário da festa, bem como os buracos no chão, lenhas e coco de gado seco pelo gramado. Uruguaios de todo o país vão para Tacuarembó, o que foi um convite à reflexão sobre as festas tradições que se materializam nos espaços das cidades e nas memórias das pessoas.

Ouvimos várias histórias típicas entre elas as que nos contava o senhor Molina. Gaúcho de 94 ano, natural de São Gabriel, RS e que hoje mora em Correia Pinto, SC com sua esposa. Aposentado do exército, viajou todo o Brasil ( e de um jeito formal e patriota, questionou o fato de eu estar viajando para outros países antes de conhecer todo o Brasil...), viajou a cavalo pelos pampas do sul, conheceu pessoas e histórias de um tempo que só existe nas memórias da sabedoria viva das pessoas.

Compartilhou aprendizados, rezou com a gente e pediu que rezássemos sempre para agradecer a vida. Nos aconselhou e nos emocionou muito com a formalidade em ser sincero com sabedoria e sua lucidez, vestido com seu chapéu preto, calças largas justa nas canelas e alpargatas, dormindo na barraca, em condições de acampamento, bem disposto mental e fisicamente. Ao lado desse sereno senhor de 94 anos, uma criança de 4 anos em pleno estágio de energia pura, o Daniel, neto do senhor Molina, a quem o avô por muitas vezes o chamou a atenção por atrapalhar as conversas das rodas de chimarrão.

Compartilharam o alimento e o carinho da família com a gente! O sentimento de gratidão por tudo, é infinito!

Saímos de Tacuarembó no mesmo dia, eles antes do amanhecer e nós, um pouco mais tarde, a tempo de a chuva nos pegar mochileiros atravessando a ponte. Conseguimos chegar pouco molhados na rodoviária e pegamos o ônibus rumo a Paso de Los Toros.

"Yo creo que fuimos nacidos hijos de los días, porque cada día tiene una historia 

nosotros somos las historias que vivimos...

Eduardo Galeano

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